A virtude como
condição essencial na formação do caráter humano tem na sua ação a força
motriz que rege as atitudes e decisões formadas em nossa personalidade.
Considerada uma qualidade moral particular, a virtude nos leva ao
encontro de práticas positivas que enlevam o espírito e que não dá para
mensurar seu valor. Portanto, reforçando esse pensamento, a virtude não é
apenas uma característica desta ou daquela pessoa, ou até mesmo, de um
grupo de indivíduos. Assim sendo, podemos afirma, categoricamente, que a
virtude é, acima de tudo, uma forte inclinação para a prática do bem.
Num passado não muito
distante, os filhos da família brasileira eram orientados, na sua
formação, a respeitar os princípios que norteiam a prática do bem, como
respeitar os mais velhos, não pegar no alheio, independente do que fosse
ou do seu valor. Esses mesmos filhos costumavam pedir a bênção dos
pais com mais frequência. Ouviam com atenção as histórias e nunca se
intrometiam numa conversa a menos que fossem consultados. A mesa era
lugar dos adultos. A sala de estar, (assim chamada) era reservada às
conversações formais e informais, porém, dependendo de quem ali
estivesse conversando, meninos não podiam transitar e nem interromper a
conversa: isso era desrespeitoso.
Essas pequenas normas
se condensavam na formação moral dos indivíduos e, assim, tínhamos bons
cidadãos sendo inseridos na sociedade onde esses valores eram
reproduzidos nas diversas ações, ainda que de forma simples.
O saber intelectual
era valorizado ao máximo. Quem se formava em algum ramo, o fazia para
servir. Os votos feitos em cada diplomação eram levados à sério e a
sociedade contava realmente, com bons e comprometidos profissionais
comprometidos com a ética.
O tempo passou, e
junto com ele, esses valores. A sociedade brasileira foi aos poucos
sendo infectada pela desestruturação da família, onde os filhos não
respeitam os pais, por perceber neles a ausência de autoridade moral.
Iniciam a vida sexual dentro de casa com seus parceiros igualmente
desvirtuados de senso moral. Os idosos são desdenhados pelos jovens de
forma aviltante a ponto de sofrer até espancamentos como se a humilhação
moral não bastasse.
O fato dos filhos não
obedecerem mais aos pais desajustou ao estremo a instituição familiar,
que numa fuga de responsabilidades transferiu para a escola a formação
dos filhos, sem perceber que a escola tem o dever apenas da formação
intelectual científica. Aí, alunos desdenham e batem em professores,
matam colegas em sala de aulas, pois já não são colegas. Odeiam, cometem
crimes e são amparados por leis igualmente desajustadas.
Estão criando uma
verdadeira legião de alienados, desprovidos de senso prático de
cidadania, que só servem para massa de manobra de maus
políticos. Questões éticas começam a ser ignoradas e a situação fica
mais preocupante quando o cidadão comum deixa simplesmente de
indignar-se diante de tantos descalabros, de tanta corrupção e até
mesmo, diante de tanta violência, coisas que aos poucos vão se
incorporando no dia-a-dia das pessoas como se fossem normais.
Uma sociedade assim se
descompromete com o que é digno, se mutila moralmente e se torna
estéril na produção de bons cidadãos, desnorteando princípios e virtudes
tão indispensáveis para um viver harmônico e feliz. Vamos dar um basta
nesta situação!