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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

OPINIÃO - Desnorteando virtudes e princípios éticos - Por João Gomes da Silva


A virtude como condição essencial na formação do caráter humano tem na sua ação a força motriz que rege as atitudes e decisões formadas em nossa personalidade. Considerada uma qualidade moral particular, a virtude nos leva ao encontro de práticas positivas que enlevam o espírito e que não dá para mensurar seu valor. Portanto, reforçando esse pensamento, a virtude não é apenas uma característica desta ou daquela pessoa, ou até mesmo, de um grupo de indivíduos. Assim sendo, podemos afirma, categoricamente, que a virtude é, acima de tudo, uma forte inclinação para a prática do bem.

Num passado não muito distante, os filhos da família brasileira eram orientados, na sua formação, a respeitar os princípios que norteiam a prática do bem, como respeitar os mais velhos, não pegar no alheio, independente do que fosse ou do seu valor.  Esses mesmos filhos costumavam pedir a bênção dos pais com mais frequência. Ouviam com atenção as histórias e nunca se intrometiam numa conversa a menos que fossem consultados. A mesa era lugar dos adultos. A sala de estar, (assim chamada) era reservada às conversações formais e informais, porém, dependendo de quem ali estivesse conversando, meninos não podiam transitar e nem interromper a conversa: isso era desrespeitoso.

Essas pequenas normas se condensavam na formação moral dos indivíduos e, assim, tínhamos bons cidadãos sendo inseridos na sociedade onde esses valores eram reproduzidos nas diversas ações, ainda que de forma simples.

O saber intelectual era valorizado ao máximo. Quem se formava em algum ramo, o fazia para servir. Os votos feitos em cada diplomação eram levados à sério e a sociedade contava realmente,  com bons e comprometidos profissionais comprometidos com a ética.

O tempo passou, e junto com ele,  esses valores. A sociedade brasileira foi aos poucos sendo infectada pela desestruturação da família, onde os filhos não respeitam os pais, por perceber neles a ausência de autoridade moral. Iniciam a vida sexual dentro de casa com seus parceiros igualmente desvirtuados de senso moral. Os idosos são desdenhados pelos jovens de forma aviltante a ponto de sofrer até espancamentos como se a humilhação moral não bastasse.

O fato dos filhos não obedecerem mais aos pais desajustou ao estremo a instituição familiar, que numa fuga de responsabilidades transferiu para a escola a formação dos filhos, sem perceber que a escola tem o dever apenas da formação intelectual científica. Aí, alunos desdenham e batem em professores, matam colegas em sala de aulas, pois já não são colegas. Odeiam, cometem crimes e são amparados por leis igualmente desajustadas.

Estão criando uma verdadeira legião de alienados, desprovidos de senso prático de cidadania, que só servem para massa de manobra de maus políticos.  Questões éticas começam a ser ignoradas e a situação fica mais preocupante quando  o cidadão comum deixa simplesmente de indignar-se diante de tantos descalabros, de tanta corrupção e até mesmo, diante de tanta violência, coisas que aos poucos vão se incorporando no dia-a-dia das pessoas  como se fossem normais.

Uma sociedade assim se descompromete com o que é digno, se mutila moralmente e se torna estéril na produção de bons cidadãos, desnorteando princípios e virtudes tão indispensáveis para um viver harmônico e feliz.  Vamos dar um basta nesta situação!