VAMOS DESDEFUNTIZAR O CENTRO CULTURAL
Infelizmente, não foi desta vez. E a classe artística gurupiense está literalmente de luto. Está morto o espaço destinado à cultura e as artes em Gurupi. Em seu lugar, o que se vê, agora, é somente a arte mórbida afugentando a alegria antes reinante no centro Cultural Mauro Cunha.
Infelizmente, não foi desta vez. E a classe artística gurupiense está literalmente de luto. Está morto o espaço destinado à cultura e as artes em Gurupi. Em seu lugar, o que se vê, agora, é somente a arte mórbida afugentando a alegria antes reinante no centro Cultural Mauro Cunha.
Ao contrário do que se esperava, a triste fama de Defuntódromo, como o Centro Cultural Mauro Cunha ficou conhecido, não está com os seus dias contados. O poder público municipal parece que não está sensível aos apelos da classe artística que condena veemente a transformação do Centro Cultural Mauro Cunha em Capela Mortuária, fato que paralisa todas as atividades culturais ali realizadas, até mesmo o funcionamento da Biblioteca Pública Municipal Professora Deusina.
Em abril deste ano, cogitou-se uma parceria com a Maçonaria para que fosse criada o que seria a primeira casa de velórios de Gurupi. Funcionaria nas antigas instalações da Loja Maçônica da Avenida Santa Catarina. O projeto era arrojado (pra defunto nenhum botar defeito). Lá, finalmente, os nossos mortos poderiam ser velados em paz, sem que fosse preciso interromper as atividades artísticas e administrativas do Centro Cultural. Mas a tal Casa de Velórios não saiu do papel até agora e, infelizmente, predomina na cidade a "cultura" de se velar mortos num ambiente destinado à alegria, como o Centro Cultural.
Também em abril desde ano, o próprio Conselho Municipal de Cultura aprovou, por unanimidade, uma resolução se colocando contrário a realização de velórios no Centro Cultural, mas de nada adiantou.
Para a surpresa da classe artística, no sábado passado, o salão principal do Centro Cultural, onde também funciona a Galeria de Artes Kathie Tejeda, amanheceu mais uma vez com um morto sendo velado naquele local. Quero crer que para cada velório ali realizado, certamente o saudoso Mauro Cunha (que ao morrer não foi velado ali), deve se revirar no caixão onde foi enterrado (ou do que restou dele), pois como grande artista que era jamais aprovaria que o Centro Cultural fosse usado para velar os mortos, já que entendia que a cultura é arte e arte é vida. Para quem não conhecia a triste fama de Defuntódromo do Centro Cultural chegava a ser estranho, até, o fato de num dia, ao se passar pelo local, se ver um monte de pessoas tristes e um morto bem no meio do salão. Já no dia seguinte, no mesmo local, se via um grupo de Street Funk ensaiando uma coreografia, ou mesmo a Banda Municipal tocando lindas marchinhas carnavalescas sob a batuta do maestro Alexandre.
Para se ter uma vaga idéia de como o Centro Cultural Mauro Cunha ainda é visto por muitos como Casa de Velórios, na manhã do dia 30 de março, quando ali acontecia uma reunião dos artistas com o presidente da Fundação Cultural do Tocantins, Júlio César Machado e o diplomata francês, Romaric Büel, ao ver toda aquela movimentação, pelo menos três pessoas haviam entrado ali para ver quem "havia morrido!"
Com todo o respeito aos familiares dos mortos, mas convenhamos, o Centro Cultural Mauro Cunha não é um local apropriado para velórios, a menos, que seja um velório artístico, bem alegre, descontraído com direito a aplausos calorosos após um final feliz, tudo, é claro, com a aquiescência do maior interessado: o falecido!
Diante dessas despretensiosas considerações, é com veemência que defendo a imediata desdefuntação do Centro Cultural Mauro Cunha.
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